O Porto do Sal é um complexo de portos situado na intensa paisagem insular da baía do Guajará. Na década de 30, foi um importante ponto de comercialização de especiarias amazônicas, como a pimenta do reino, a castanha do Pará e o peixe salgado.

Há mais de oito décadas, esses portos conectam Belém às inúmeras ilhas do seu entorno. O Porto do Sal é uma zona mista, onde coexistem a cultura urbana e ribeirinha, vetorizando saberes como a tipografia naval, a construção de barcos de madeira, redes de pesca, entre outros. A peculiaridade de sua cultura e paisagem se constitui em função dessa característica. Localizado no bairro da Cidade Velha, território de ruas estreitas, igrejas barrocas e casas com arquitetura portuguesa; o mesmo também é ocupado por pontes e “palafitas”: casas suspensas por estacas, construídas sobre o mangue, em sua maioria com tábuas e refugo de madeira. Trata-se, ainda, de uma área comercial, repleta de galpões, depósitos e estâncias.

Essa região vem passando por gradativo processo de transformação, em função da especulação imobiliária. Existe um projeto de unificação dos portos irregulares e precários do Porto do Sal, tendo em vista a padronização de tais locais. Com a execução do mesmo, diversos galpões onde circulam saberes e práticas ribeirinhas, ainda remanescentes no território urbano belenense, serão extintos. Tais como a tecelagem artesanal de redes de pesca e a construção naval em madeira.

Nos arredores do Mercado do Porto do Sal e igreja do Carmo, encontram-se duas comunidades vizinhas: beco do Carmo e Malvinas. Ambas pertencem ao território que Arruda chama de « Cidade Velha ribeirinha », pois são habitações que ocuparam a margem do rio e fazem fronteira com a « Cidade Velha histórica ». Ou seja, com as edificações que pertencem ao centro histórico oficial e são lidas como patrimônio.